segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Briga de Cachorro Grande

Como você falará ao telefone no futuro?

segunda-feira, 17 de agosto de 2009 19:39
porPedro Doria
Na primeira semana de agosto, Eric Schmidt, presidente do Google, renunciou a sua cadeira no conselho da Apple. "O Google entra em cada vez mais negócios como competidor da Apple", escreveu Steve Jobs. O Android briga com o iPhone. O Chrome briga com o browser Safari. Agora o Chrome OS é um sistema operacional que quer brigar com sistemas como o OS X, da Apple. Segundo Jobs, seu par no Google tinha que cada vez mais se escusar das discussões dado o conflito de interesses. "Ele não era mais eficaz como conselheiro."

Uma semana antes, a loja de aplicativos do iPhone, controlada pela Apple, rejeitara o programa Google Voice. Trata-se de um software simples: unifica todos os números telefônicos de qualquer um. Casa, celular, escritório, não importa. Um número curinga para ser distribuído. Fácil de ser configurado, basta informar ao computador para quais telefones apontar e tudo é redirecionado. Mantém a privacidade, serve de secretária eletrônica e até evita telemarketing, se o cliente o quiser. Mas a Apple, no entanto, vetou o programa. No iPhone, não pode.

No dia 1º de agosto, o FCC, equivalente americano à Anatel, fez chegar à Apple uma pergunta simples: a AT&T foi consultada?

AT&T é a operadora telefônica que tem exclusividade do iPhone nos EUA. A ela, não interessa que as pessoas possam ter uma poderosa central telefônica em seus celulares. Perde dinheiro com clientes grandes - centrais de telemarketing, por exemplo. Perde a possibilidade de prender clientes pequenos que não querem mudar de número. Permite que mensagens de texto, SMS, sejam enviadas pela internet sem pagar o custo da operadora. Dá liberdade demais. E, não bastasse, o Google Voice é todo gratuito.

A história não termina aí. O Google anunciou que permitirá que seu Voice seja utilizado via Safari, o browser do iPhone.

A Apple rejeitou o software, passou pelo desgaste, recebeu um puxão de orelhas da agência reguladora e, no fim, o serviço estará lá de qualquer jeito.

Há brigas maiores. Conforme a rede chega ao celular, problemas mais intrigantes vão surgindo para as operadoras. É o caso do Skype, ou do Gtalk: telefone via IP. Se o cliente já paga um pacote de dados que permite voz pela rede, por que pagar mais caro pelo serviço no celular? Trata-se, afinal, de um custo artificial.

A Apple, que costuma agradar analistas vários, passou as últimas semanas apanhando de tudo quanto é lado. Não custa, porém, cogitar a possibilidade de ser puro fingimento.

A ela interessa apenas vender iPhones. Quanto mais úteis forem os aparelhos, melhor. Quem tem problemas são as operadoras. Por certo não escapou aos engenheiros da empresa que não adiantava bloquear o programa se a mesma funcionalidade poderia vir no browser Safari.

Fingiu-se de sonsa para fazer a vontade da parceira AT&T e provocou o governo. Se a regra mudar, pior para AT&T, não para ela.

Talvez.

A briga das operadoras, no entanto, está apenas começando.